Características comportamentais e de aprendizagem dos estudantes com Síndrome de Asperger (SA):
1. A
síndrome de Asperger é caracterizada por um conjunto de sintomas que
provocam sofrimento, porque condicionam ou impedem a interação social.
Os indivíduos com SA podem desejar relacionar-se com os outros, mas não
sabem como, pelo que podem abordar os outros de maneira peculiar (Klin
& Volkmar, 1997). Falta-lhes frequentemente a compreensão das
regras sociais pelo que podem ser socialmente inábeis, ter dificuldade
em empatizar, e interpretar mal situações de interação social diária.
Indivíduos com SA não aprendem empiricamente as regras da interação
social; essas competências têm de lhes ser ensinadas explicitamente.
2. Embora
as crianças com SA falem geralmente fluentemente pelos cinco anos de
idade, têm frequentemente problemas com pragmática (o uso da língua em
contextos sociais), semântica (podendo não reconhecer significados
múltiplos de uma palavra) e prosódicos (o tom, a intensidade, e o ritmo
do discurso) (Attwood, 1998).
•
Estudantes com SA podem ter um vocabulário sofisticado e frequentemente
falar incessantemente sobre o seu assunto favorito. O tópico pode ser
muito restrito e o indivíduo SA ter dificuldade em mudar para um outro
assunto de conversa.
• Podem ser excessivamente retraídos e calados.
•
Podem ter dificuldade com as regras da conversação. Os estudantes com
SA podem interromper ou falar sobre o discurso do outro, podem fazer
comentários irrelevantes e têm muita dificuldade em iniciar e terminar
as conversas.
•
O discurso pode ser caracterizado por uma falta da variação no tom, na
intensidade e no ritmo, e à medida que o estudante vai atingindo a
adolescência, o discurso pode tornar-se pedante (excessivamente formal).
•
Os problemas de comunicação social podem incluir a postura numa posição
demasiado próxima do outro, olhar fixamente, posturas anormais do corpo
e, frequentemente, incapacidade em compreender gestos e expressões
faciais do outro.
3. O
estudante com SA é de inteligência média ou acima da média e pode
parecer completamente capaz. Muitos são relativamente proficientes no
conhecimento dos fatos, e podem ter a informação factual extensiva
sobre um assunto em que estão absorvidos. Entretanto, demonstram
fraquezas relativas na compreensão e no pensamento abstrato, assim como
na cognição social. Consequentemente, experimentam alguns problemas
acadêmicos, particularmente na compreensão da leitura, resolução de
problemas, capacidades organizacionais, desenvolvimento de conceitos,
deduções e julgamentos. Além disso, têm frequentemente pouca
flexibilidade cognitiva.
Quer
dizer, o seu pensamento tende a ser rígido. Têm frequentemente
dificuldade em adaptar-se à mudança ou à falha pessoal e não aprendem
de boa vontade a partir dos seus erros (Attwood, 1998).
4. Estima-se
que 50% a 90% das pessoas com SA têm problemas com coordenação motora
(Attwood,1998). As áreas afetadas podem incluir a locomoção,
habilidades com bola, equilíbrio, destreza manual, escrita manual,
movimentos rápidos, ritmo e imitação dos movimentos.
5. Indivíduos
com SA partilham características comuns com o autismo em termos das
respostas aos estímulos sensoriais. Podem ser hipersensíveis a alguns
estímulos e podem engrenar em comportamentos inabituais para obter um
estímulo sensitivo específico.
6. Os indivíduos com SA estão frequentemente desatentos e distraem-se facilmente.
7. A
ansiedade/depressão é também uma característica associada ao SA. Pode
ser muito difícil e penoso para o estudante compreender e adaptar-se às
solicitações sociais da escola. A instrução e apoio apropriados podem
ajudar aliviar algum do stress.
Estratégias para professores
Muitas
das estratégias de ensino para estudantes com autismo são aplicáveis
para estudantes com SA. A literatura profissional frequentemente não
distingue o autismo de elevada funcionalidade da síndrome de Asperger.
Entretanto, é importante considerar as suas características
particulares de aprendizagem, para fornecer apoio quando necessário, e
construir sobre as suas competências.
O que se segue identifica a dificuldade específica de aprendizagem e sugere um número de estratégias possíveis da sala de aula:
Dificuldade de Aprendizagem Estratégias da Sala de Aula
Dificuldades com linguagem
• tendência fazer comentários irrelevantes
• tendência a interromper
• tendência para falar em sobreposição ao discurso de outro
•
dificuldade em compreender linguagem complexa, seguir direções, e
compreender a intenção das expressões/palavras com significados
múltiplos.
• conversações em tira de BD podem ser utilizadas para exemplificar os problemas relacionados com competências de conversação
• ensine comentários apropriados no início das conversas
• ensine o estudante a procurar o auxílio quando confuso
• forneça instruções como conversar em pequeno grupo
• ensine regras sobre quando participar na conversação, quando responder, interromper, ou mudar o tópico
• use conversações gravadas em áudio e vídeo
• explique metáforas e palavras com significado duplo
•
incentive o estudante a pedir que repitam uma instrução, simplificada
ou escrita se não a compreender faça pausa entre instruções e verifique
que o aluno compreendeu
• limite as perguntas orais a um número que o estudante possa controlar
• mostre vídeos para identificar expressões não verbais e seus significados
Insistência na rotina
• sempre que possível prepare o estudante para qualquer mudança
• use desenhos e histórias sociais para ajudar às mudanças
Pobreza na interação social
• dificuldade em compreender as regras da interação social
• pode ser ingênuo
• interpreta literalmente o que é dito
• dificuldade em ler as emoções dos outros
• falta de tacto
• problemas com distância social
•
dificuldade em compreender as regras sociais que «não estão escritas»
e, quando as aprendem, pode aplicá-las demasiado rigidamente
• Apresente expectativas claras e regras para o comportamento
• ensine explicitamente regras da conduta social
• ensine ao estudante como interagir usando as histórias sociais, e “role-playing”
• eduque os pares sobre como responder à inabilidade do
• estudante na interação social
• use outras crianças como sugestão/modelo para lhe indicar o que deve fazer
• incentive jogos de equipa
• pode necessitar de apoiar o estudante quando este falha
• use o sistema do «camarada» para ajudar o estudante nas atividades não -estruturadas
• ensine ao estudante como começar, manter e terminar um jogo
• ensine flexibilidade, a cooperação e a partilhar
• ensine aos estudantes como monitorizar seu próprio comportamento
• pode sugerir técnicas de relaxação e ter um lugar sossegado para o estudante relaxar
Escala restrita dos interesses
• limite discussões e perguntas obsessivas
•
trace expectativas firmes para a sala de aula, mas forneça também
oportunidades para o estudante perseguir seus próprios interesses
• incorpore e expanda os interesse do aluno nas atividades e nas tarefas
Concentração pobre
• frequentemente fora da tarefa
• distraído
• pode ser desorganizado
• dificuldade em manter a atenção
• frequente feedback e re-direção da atenção pelo professor
• reduzir tarefas
• sessões de trabalho com tempo marcado
• reduzir trabalho de casa
• assento na parte da frente da sala
• use deixas não-verbais para chamar e centrar a atenção
Habilidades organizacionais pobres
• use programações e calendários
• mantenha listas das atribuições
• ajude o estudante a usar listas de «a fazer» e listas de verificação
Coordenação motor pobre
• envolva -o em atividades de manutenção física
• pode preferir atividades da aptidão aos desportos de competição
•
tenha em consideração uma velocidade mais lenta da escrita no ao
atribuir-lhe tarefas (a extensão tem frequentemente de ser reduzida)
• forneça tempo extra para testes
•
considere o uso de um computador para tarefas escritas, pois alguns
estudantes podem ser mais hábeis em usar um teclado do que a escrita
manual.
Dificuldades acadêmicas
• Inteligência média e frequentemente acima da média
• Boa evocação da informação factual
• As áreas de dificuldade incluem resolução e compreensão de problemas, e dificuldade com conceitos abstratos
• Frequentemente fortes no reconhecimento de palavras podem aprender a ler muito cedo,
• mas com dificuldade na compreensão
• Podem ter bom desempenho em computações matemáticas, mas têm dificuldade em resolver problemas
• Excelente memória visual
• não suponha que o estudante compreendeu simplesmente porque ele/ela pode repetir a informação
• seja tão concreto quanto possível ao apresentar conceitos novos e o material abstrato
• use aprendizagens baseadas na prática, sempre que possível
• use ajudas visuais como mapas semânticos
• divida as tarefas em etapas menores ou apresente formas alternativas
• forneça instruções diretas acompanhadas de exemplos
• mostre exemplos de o que é requerido
• Ensine técnicas para ajudar o estudante a tirar notas e organizar e categorizar a informação
• evite a sobrecarga verbal
• capitalize os pontos fortes, por exemplo, a memória
• não suponha que compreenderam o que leram
- verifique para ver se há a compreensão, reforce instruções e use apoios visuais
Vulnerabilidade emocional
• pode ter dificuldade em lidar com as exigências sociais e emocionais da escola
• facilmente ansioso devido à sua inflexibilidade
• baixa auto-estima
• dificuldade em tolerar os próprios erros
• pode ser propenso à depressão
• pode ter reações da raiva e rompantes temperamentais
• elogie sempre que faz algo bem
• ensine o estudante a pedir ajuda
• ensine técnicas para lidar com as situações difíceis e para lidar com o stress
• ensaie as situações
• crie experiências em que a pessoa pode fazer escolhas
• ajude o estudante a compreender os comportamentos e as reações dos outros
• eduque outros estudantes
• use apoio de pares tais como sistemas do «camarada» e suporte de grupo
Hipersensibilidades Sensoriais
•
a maioria das hipersensibilidades envolve a audição e o tato, mas podem
incluir também o gosto, a intensidade da luz, as cores e os aromas
• os tipos de ruídos que podem ser percebidos como extremamente intensos são:
1. ruídos repentinos, inesperados tais como um telefone que soa, alarme de incêndio
2. ruído contínuo de alta frequência
3. sons confusos, complexos ou múltiplos como em centros comerciais
•
esteja consciente que níveis normais de percepção visual e auditiva
podem se apreendidos pelo estudante como demasiado baixos ou altos
• mantenha o nível de estimulação dentro da capacidade do estudante
• pode ser necessário evitar alguns sons
• a audição de música pode abafar sons desagradáveis
• minimize ao máximo o ruído de fundo
• nos casos extremos use auscultadores
• ensine e exemplifique estratégias de relaxação e jogos para reduzir a ansiedade
Síndrome de Asperger - Guia para Pais e Professores
Principais características clínicas da SA
• Ausência de empatia, não por incapacidade, mas por dificuldade em expressar sentimentos;
• Interação ingênua, inadequada e unilateral;
•
Capacidade reduzida (ou mesmo ausente) para estabelecer amizades; ou
esta é processada de forma particular (mais no sentido de quererem
agradar);
• Discurso muito formal e repetitivo (muitas das vezes fora do contexto);
• Comunicação não verbal pobre;
• Interesse consistente por determinado assunto;
• Fraca coordenação motora e posturas corporais estranhas ou desajeitadas.
O Diagnóstico da SA
Fase 1
Detectar os sinais: utilização de uma escala de avaliação para pais, professores e profissionais de saúde.
Fase 2
Avaliação
de diagnóstico: revisão de aspectos específicos relacionados com as
competências sociais, linguísticas, cognitivas e motoras, bem como de
aspectos qualitativos dos interesses das crianças; bateria de testes;
entrevista com os pais para recolher a historia do desenvolvimento da
criança e do seu comportamento em situações específicas; relatórios dos
professores, terapeutas da fala e
terapeutas ocupacionais.
Perfil característico das competências linguísticas
• O padrão inclui frequentemente um atraso leve no início da fala;
• Quando começam a falar exasperam os pais com constantes perguntas e monólogos;
• Erros de pragmática (forma como a linguagem é utilizada);
• Linguagem superficialmente expressiva e perfeita;
• O vocabulário tende a ser fluente e avançado, a escolha de palavras invulgar e o discurso algo “pomposo” ou formal;
• Alterações de prosódia e características vocais peculiares: o tom de voz revela-se particular e
pronunciam as palavras de forma extremamente precisa, articulando cada um dos sons;
• Utilização idiossincrática do vocabulário (capacidade de fornecer uma perspectiva inovadora da linguagem);
• Podem utilizar incorretamente os pronomes pessoais ou, por exemplo, usar o nome próprio em vez de eu ou tu;
• Alterações na compreensão, incluindo interpretações literais;
• Verbalização de pensamentos (o constante pensar em voz alta).
Critérios de diagnóstico relevantes para o comportamento social:
Programas de aquisição de Competências Sociais (sugestão aos pais):
Como começar, manter e terminar uma brincadeira
É importante ter consciência de que por vezes a criança tem que aprender a perguntar: “posso
brincar?”; “quer brincar comigo?”; “podem ajudar-me?”; “agora brinco sozinho”... caso contrário
poderão
surgir comentários tipo: “ninguém brinca comigo, não gosto de
vocês...”, o que só irá fomentar a falta ou perda de amigos.
Flexibilidade, cooperação e partilha
As
crianças com SA gostam de ter controle sobre as atividades. Neste
sentido, é importante ajudá-la a tolerar sugestões alternativas ou a
inclusão de outras crianças, explicando-lhe que o que faz não está
errado mas que se for partilhado ficará muito melhor (porque pensado em
conjunto).
Quando a criança deseja brincar sozinha
É provável que seja necessário ensinar-lhe quais os comentários e as atitudes socialmente adequadas para demonstrar.
Muitas das vezes estas crianças apercebem-se que ao agirem com alguma
rispidez ou agressividade garantem o afastamento dos outros. Ao
aprenderem outras formas de fazer, não só deixarão de ser intituladas
de agressivas, como passarão a ser respeitadas na sua vontade.
Explicar o que deveria ter sido feito
As
dificuldades dos comportamentos relacionais devem-se ao fato de estas
crianças não perceberem os efeitos que tais comportamentos têm nos
sentimentos dos outros. Para que não sejam sentidas como maliciosas,
deverá ser explicado como deverão agir e pedir-lhes que pensem no que
iriam sentir se lhes fizessem o mesmo.
Convidar amigos para ir a casa
Planeie
com ela atividades ou até mesmo passeios para fazer com um amigo(a) de
forma a que a visita seja estruturada e bem sucedida. É importante a
presença de um adulto para precaver ou atenuar possíveis efeitos
negativos relacionados com as dificuldades ao nível das competências
sociais da criança. Um momento bem passado poderá ser um forte
incentivo para que novas situações se proporcionem.
Dimensão Indicadores
Alteração do comportamento social (mínimo 2 indicadores)
a) Dificuldade de interação com os outros
b) Falta de vontade em interagir com pares
c) Percepção alterada dos sinais sociais
d) Comportamento social e emocional inadequado
Alterações da comunicação não verbal e comportamento social (mínimo 1 indicador)
a) Uso limitado de gestos
b) Linguagem corporal desajeitada
c) Expressões faciais pouco variadas
d) Expressões faciais inadequadas
e) Olhar fixo e peculiar
Inscrever a criança em atividades
Ao
inscrevê-la, por exemplo, nos escoteiros, grupo de música ou teatro,
estará a alargar as suas experiências sociais. Estes tipos de
atividades têm a vantagem de serem, normalmente supervisionadas e
estruturadas. Deverá, no entanto informar o adulto responsável das
características da criança e quais as estratégias de integração mais
eficazes.
Programas de aquisição de Competências Sociais (sugestão aos professores):
Referir outras crianças para demonstrar comportamentos a observar
A
criança pode ser insubordinada ou intrometida porque desconhece outros
padrões de conduta na sala de aula. Quando tal acontece, experimente
dizer-lhe que observe primeiro e realize depois, partindo do princípio
de que os outros estão a agir corretamente.
Encorajar jogos e atividades cooperativas
Provavelmente
a criança com SA necessita de orientação quanto à sua vez de falar, a
permitir que todos tenham oportunidades iguais e a aceitar as sugestões
dos colegas. Em jogos competitivos poderá desejar ser a primeira, o que
não tem a ver com superioridade mas com a vontade de saber qual o seu
lugar no grupo e com o fato de se sentir satisfeita.
Modelar o relacionamento com a criança
Os
colegas de turma por vezes sentem-se inseguros perante o comportamento
social da criança com SA, procurando naturalmente nos professores o
arquétipo do comportamento a adaptar. Neste sentido, é importante
modelar e encorajar comportamentos tolerantes, recorrer a atividades de
desenvolvimento de competências sociais e reforçar positivamente a
cooperação entre todos.
Ensinar a criança a pedir ajuda
É
importante ensiná-la a pedir ajuda a outras crianças, para que o adulto
não seja a única figura a ser vista como fonte de conhecimento e
segurança.
Encorajar as amizades
De
início, pode ser útil identificar e encorajar a interação com um número
restrito de colegas que se mostrem dispostos a ajudar e a brincar com
ela. Não interessa se é rapaz ou rapariga, interessa que sejam
potenciais amigos para que a envolvam nas atividades, dentro e fora da
sala de aula. Elas poderão vir a ajudá-la a lidar com situações de
recriminação, a integrá-la nos jogos de grupo, a agir em sua defesa na
sala de aula e a ajudá-la a compreender como tem de proceder quando a
professora não está presente ou disponível. É de fato surpreendente o
apoio e a tolerância de que certas crianças são capazes.
Garantir a vigilância no recreio durante os intervalos
Para
a maior parte das crianças, os melhores momentos do dia na escola é o
recreio. No entanto, a falta de vigilância e a intensa interação podem
ser negativas para a criança com SA, tendo em conta a sua
vulnerabilidade. Os responsáveis pela supervisão destes momentos devem
ser informados das características da criança de forma a evitarem
possíveis conflitos e a promoverem o envolvimento ou mesmo a sua
necessidade de estar só.
Controlar possíveis efeitos adversos da tensão relacional
A
criança pode estar consciente da necessidade de seguir os códigos de
conduta da sala de aula, de evitar chamar a atenção sobre si mesma e de
se comportar como as outras crianças. Neste sentido, a pressão a que se
sente sujeita para estar “enquadrada” pode conduzir a uma enorme tensão
emocional, que quando levada ao limite se liberta normalmente quando a
criança chega a casa, impedindo a harmonia da estrutura familiar.
Sugere-se que os professores permitam à criança atividades de
descontração antes de regressar a casa (dando-lhes por ex. Jogos com
áreas de interesse) de forma a atenuar a tensão emocional resultante da
observação de regras de comportamento individual e social.
Manter os apoios educativos
Muitas
das competências de que carecem as crianças com SA não são ensinadas
como componentes específicos do currículo escolar, sendo essencial que
mantenha os apoios educativos, a fim de lhe proporcionar um ensino
individual ou em pequenos grupos e melhorar o seu comportamento social.
Neste apoio o número de horas deve ser estabelecido caso a caso, tendo
sempre em conta as necessidades específicas de cada criança.
Criar grupos de treino de competências sociais
Estes
grupos permitem aprender e praticar uma variedade de competências,
recorrendo a atividades de complemento educativo, como o teatro, ou a
programas específicos, conduzidos por especialistas na SA. Os grupos
não devem ser muito grandes para que beneficiem de um acompanhamento
mais individualizado e uma interação constante. Deverá ser elaborado um
perfil de cada um dos membros do grupo, estabelecendo as áreas mais e
menos fortes de cada um dos elementos. É importante que as situações
sejam analisadas em pormenor, uma vez que só através da sua descrição é
possível conhecer as percepções individuais dos acontecimentos, os
sinais, os motivos e as opções =» não esquecer que as Pessoas com SA
podem não entender completamente os nossos pensamentos e sentimentos em
contexto social, o que também poderá acontecer com outros elementos do
grupo.
Sugestão de atividades:
• Representar situações em que a pessoa sentiu dúvidas quanto à forma de agir ou de falar...
ensaiando opções mais adequadas sugeridas pelos outros elementos do grupo;
• Demonstrar comportamentos sociais inadequados e pedir a cada um que identifique os erros e dê alternativas;
•
Os registros de vídeo e as dramatizações são uma forma útil e divertida
para demonstrar o que NÃO deve ser feito, passando-os antes da
demonstração dos comportamentos adequados.
Estratégias sumárias de Treino Comportamental Social
• Aprender a:
• começar, manter e terminar brincadeiras
• ser flexível, cooperativo e capaz de partilhar
• isolar-se sem ofender os outros
• Explique o que a criança deveria ter feito
• Encoraje um amigo a brincar com a criança em casa
• Inscreva-a em clubes desportivos, grupo de escoteiros ou associações
• Ensine-a a observar outras crianças para que tenha outro tipo de indicações sobre “o que fazer” e “como fazer”
• Encoraje-a a participar em jogos cooperativos e de competição
• Modele o modo de relacionamento com os outros
• Informe-a sobre formas alternativas de pedir ajuda
• Encoraje potenciais amizades
• Proporcione distrações nos intervalos
• Tenha em atenção os sentimentos e emoções que não expressa
• Procure que o seu filho tenha apoios educativos
• Utilize os momentos do dia-a-dia para entender os sinais e a atuação adequada a situações específicas.
• Crie grupos de competências sociais para adolescentes:
• para treinar opções mais adequadas
• para demonstrar o comportamento social inadequado
•
para encorajar a auto-revelação e a empatia, através de leitura
(poesia,teatro) e jogos para aprendizagem da linguagem corporal
• Projetos e atividades que evidenciem as qualidades de um bom amigo
• Ajude a entender emoções:
• explore uma emoção de cada vez
• ensine a ler os sinais indicativos de diferentes níveis e emoções e como lhes responder
• ensine frases que a criança pode e deve dizer quando se sente confusa
• Ajude a expressar emoções:
• use um mediador como guia visual
• use gravações de vídeo e representações para obter formas de expressão mais subtis ou precisas
• use perguntas ou um livro em forma de diário para encorajar a auto-revelação.
Estratégias sumárias para o desenvolvimento da Linguagem
Pragmática
• Aprender
• meios apropriados de iniciar uma conversa
• a pedir esclarecimentos quando surgirem dúvidas
• a ter confiança para dizer que não sabe
• Ensinar a reconhecer os sinais indicativos do momento de responder, interromper ou mudar de assunto
• Modelar comentários indicadores de empatia
• Sussurrar ao ouvido da criança o que ela devia dizer ao interlocutor
• Recorrer a atividades de oralidade e de dramatização
•
Recorrer a exercícios do tipo “momentos do dia-a-dia” e “conversas em
banda desenhada” para representação verbal dos diferentes níveis de
comunicação
Interpretação literal
• Pensar nas possíveis formas de evitar uma interpretação inadequada de um comentário ou instrução
• Explicar o significado de metáforas ou figuras de retórica
Prosódia
• Ensinar a regular a entoação, o ritmo, as pausas, a velocidade e o volume da voz
Linguagem rebuscada
• Evitar abstrações e imprecisões
Vocabulário idiossincrático:
• Aspecto genuinamente criativo da SA a ser encorajado
Verbalização de pensamentos:
• Encorajar o sussurrar e o tentar “pensar no assunto sem falar em voz alta”
Discriminação e alteração auditiva:
• Encorajar a criança a pedir a repetição, a simplificação, a passagem a escrito ou a reformulação de instruções
• Efetuar pausas entre instruções
Fluência verbal:
• Ter em conta que a ansiedade pode inibir a oralidade e requer tratamento.
Estratégias sumárias para lidar com Interesses e Rotinas
Interesses especiais:
• Facilitam o diálogo
• Denotam inteligência
• Ajudam a criar um sentimento de ordem e consistência
• Tornam-se uma fonte de prazer e descontração
Estratégias:
• Proporcionar um acesso controlado, limitando o tempo de dedicação às tarefas favoritas
• Aplicar as rotinas de forma construtiva para:
• aumentar a motivação
• construir uma hipótese de projeto vocacional e de maior envolvimento social
As Rotinas como forma de reduzir a imprevisibilidade
Estratégias:
• Tentar estabelecer compromissos
• Ensinar o conceito de tempo e criar horários de atividades
• Reduzir o nível de ansiedade
Motricidade na SA – capacidades afetadas
Locomoção
Na
marcha e na corrida as pessoas com SA têm movimentos desajeitados,
parecidos com os de uma “marionete” e nas crianças, muitas das vezes o
movimento do corpo não é acompanhado pelo balançar de braços.
Jogos de bola
A
capacidade para apanhar e atirar a bola com precisão parece estar
particularmente afetada. Uma das consequências da falta de habilidade
da criança para os jogos de bola é a sua exclusão da maioria dos jogos
coletivos por representar um “estorvo” para a equipe que integra.
Equilíbrio
Que poderá afetar a capacidade de usar certos equipamentos no recreio ou de fazer determinadas atividades na ginástica.
Destreza manual
Envolve
a capacidade para usar as duas mãos, por ex. aprender a abotoar-se, a
vestir-se, a atar os cadarços dos sapatos, ou a utilizar os talheres;
pode ainda envolver a coordenação de pés e pernas, como o andar de
bicicleta. Ensinar a colocar a “mão sobre a mão” é útil à criança.
Caligrafia
É
possível que os professores tenham de fazer um esforço para perceber
algumas das “garatujas” indecifráveis da criança; esta, por sua vez,
tem consciência da “qualidade” da sua caligrafia e poderá mostrar-se
relutante em aceitar atividades que envolvam a escrita.
Alteração do ritmo dos movimentos
O
fato de parecerem impulsivas e incapazes de executar a tarefa de forma
lenta e refletida, resulta num maior número de erros e na
irritabilidade de todos – criança, pais, professores.
Falta de firmeza nas articulações
Desconhece-se ainda se a falta de firmeza das articulações é um problema estrutural ou se deve a uma fraca tensão muscular.
Ritmo
É-lhe
extremamente difícil sincronizar os movimentos rítmicos com os de outra
pessoa durante o caminhar, ou num acompanhamento musical.
Imitação de movimentos
Durante
um diálogo existe a tendência para imitar a postura, os gestos e os
maneirismos do interlocutor. Ao que parece, pessoas com SA reproduzem
meticulosamente as posturas corporais da outra pessoa, a ponto de a sua
postura se tornar “artificial”.
Estratégias sumárias para melhorar a Coordenação Motora
Marcha e Corrida
• Melhorar a coordenação motora dos membros superiores e inferiores.
Jogar à bola
• Melhorar as competências para agarrar e atirar, de modo a facilitar a inclusão da criança nos jogos de equipe.
Equilíbrio
• Utilizar equipamento de recreio e de ginásio.
Destreza manual
•
Modelar os movimentos da mão com a técnica “mão sobre a mão” i.e., os
pais ou professores pegam nas mãos ou membros da criança e conduzem-nos
através de determinados movimentos, retirando esse apoio de forma
gradual.
Caligrafia
• Fazer exercícios de correção
• Aprender a usar o teclado
Rapidez de movimentos
• Supervisionar e encorajar a diminuição do ritmo dos movimentos
Falta de firmeza/ imaturidade para manipular objetos
• Programas de correção com um Terapeuta Ocupacional
Alterações motoras
• Tiques, piscar de olhos, movimentos involuntários (Síndrome de Tourette)
•
Posturas invulgares, “congelamento” de movimentos, caminhar arrastado
(exame para diagn. De Catalepsia ou de características de Parkinson)
• A pessoa deve ser submetida a exame médico especializado
Estratégias sumárias para a Cognição
Teoria Cognitiva
• Aprender a compreender as perspectivas e pensamentos dos outros, recorrendo à representação de
cenários e instruções
• Encorajá-la a parar e a pensar antes de agir ou falar, como a pessoa se irá sentir
Memória
• Explorar a capacidade de memorização de informações factuais e triviais, com jogos e labirintos.
Flexibilidade do Pensamento
• Exercitar a pesquisa de estratégias e soluções alternativas
• Aprender a pedir ajuda, recorrendo se necessário, a um código secreto
Leitura, ortografia e cálculo
• Analisar se ela recorre a estratégias não convencionais de processamento de informação.
• Se a estratégia alternativa funcionar, há que aceitá-la e desenvolvê-la, em vez de tentar ensinar estratégias convencionais
• Evitar as críticas e as manifestações depreciativas
Imaginação
• O mundo imaginário pode ser uma forma de escape e deleite
Pensamento visual
• Encorajar a visualização, recorrendo a diagramas e a analogias visuais.
Estratégias sumárias para a Sensibilidade Sensorial
Sensibilidade auditiva
• Evitar determinados sons
• Ouvir música poderá camuflar sons incomodativos
• Treinar a integração auditiva
• Reduzir ao mínimo os ruídos de fundo, em especial o de várias pessoas a falar em simultâneo
• Considerar o uso de tampões ou auscultadores
Sensibilidade táctil
• Comprar peças repetidas de vestuário que seja tolerado
• Recorrer à Terapia de Integração Sensorial
• Recorrer a massagens
Sensibilidade ao paladar
• Evitar regimes alimentares ou privação de alimentos forçados
• Dar a provar novos alimentos, em vez de exigir que sejam mastigados e engolidos
• Introduzir novos alimentos quando a criança está distraída ou descontraída.
Sensibilidade visual
• Evitar a luz intensa
• Usar óculos de sol
Sensibilidade à dor
• Procurar indicadores comportamentais de dor
• Encorajá-la a dizer quando sente dor